Número de transações de Pix tem maior queda desde lançamento
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, enfrentou sua maior queda na quantidade de transações desde o lançamento, em novembro de 2020.
Segundo dados do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), entre os dias 4 e 10 de janeiro, foram realizadas 1,250 bilhão de operações, uma redução de 10,9% em comparação ao mesmo período de dezembro.
Essa queda ocorre em meio à implantação de novas regras da Receita Federal, que ampliam o rastreamento das transações financeiras no país.
Até então, a maior queda registrada havia sido em janeiro de 2022, quando as transações caíram 7,5% em comparação ao mês anterior. Essa tendência sazonal costuma estar relacionada à desaceleração econômica após as festas de fim de ano. No entanto, o recuo de 2024 tem um fator adicional: o temor da população em relação ao aumento da fiscalização.
As novas normas implementadas pela Receita Federal ampliam a coleta de dados sobre transações financeiras, incluindo as realizadas via Pix.
A medida visa combater a sonegação fiscal e aumentar a transparência no sistema financeiro, mas tem gerado preocupações, principalmente entre autônomos e pequenos empreendedores informais. Muitos temem que o maior controle possa resultar em aumento da carga tributária.
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De acordo com especialistas, o impacto dessa fiscalização é mais significativo para os pequenos negócios. “O Pix tornou-se essencial para comerciantes informais, mas agora há uma percepção de risco. Isso pode levar a uma migração para outros meios de pagamento menos rastreáveis”, afirma a economista Carla Mendes.
O recuo nas transações por Pix não está apenas associado à sazonalidade, mas também ao receio de tributação. Em redes sociais, usuários relatam preocupações com o impacto das novas regras em sua renda. “Antes eu fazia quase tudo pelo Pix, mas agora estou voltando ao dinheiro em espécie”, comentou um usuário no Twitter.
Para o economista Ricardo Silva, essa mudança de comportamento pode ter efeitos colaterais no longo prazo. “Se a desconfiança persistir, há o risco de retrocesso na adoção de tecnologias financeiras, o que seria prejudicial para a economia como um todo”, alerta.
A queda nas transações também afeta setores que dependem fortemente do Pix, como aplicativos de delivery e comércio eletrônico. Empresas desses segmentos devem monitorar de perto as mudanças nos hábitos de consumo para ajustar suas estratégias.
Empresas e empreendedores podem adotar medidas para manter a confiança de seus clientes no uso do Pix, como:
- Educação Financeira: Informar sobre as vantagens do sistema e como ele pode ser utilizado com segurança.
- Transparência: Demonstrar conformidade com as normas fiscais e reforçar a segurança nas transações.
- Diversificação de Meios de Pagamento: Oferecer alternativas como cartões de crédito e carteiras digitais.
Apesar da recente queda, o Pix continua sendo uma das inovações mais relevantes do sistema financeiro brasileiro. Em 2023, o sistema atingiu um recorde de 122,4 milhões de usuários cadastrados. A expectativa é que, com o esclarecimento das novas regras e o fortalecimento da educação financeira, a confiança dos usuários seja retomada.
Como destaca o analista financeiro Lucas Almeida: “O Pix representa conveniência e inclusão. O desafio agora é equilibrar segurança, fiscalização e a manutenção da confiabilidade dos usuários”.
A recente queda no número de transações do Pix evidencia a necessidade de ajustes no sistema e maior comunicação entre governo, empresas e usuários. Cabe aos envolvidos esclarecerem dúvidas e garantirem que o sistema continue a ser uma ferramenta confiável, ágil e inclusiva para todos.
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