EFEITO LULA: Real fecha mês de novembro como a segunda moeda mais desvalorizada do mundo
Desconfiança sobre pacote fiscal do governo Lula e alta do dólar pressionam a moeda brasileira
O real brasileiro encerrou o mês de novembro como a segunda moeda mais desvalorizada do mundo em relação ao dólar, ficando atrás apenas do rublo russo, segundo um levantamento realizado por Einar Rivero, analista da Elos Ayta.
A desvalorização do real foi de 4,55% no mês, enquanto o rublo teve uma queda de 8,54%. Esse resultado coloca o Brasil em uma posição de destaque negativo no cenário global, agravando as preocupações dos mercados sobre o rumo da economia nacional.
No entanto, se analisarmos apenas a última semana de novembro, quando o governo anunciou o tão esperado pacote fiscal, o desempenho do real foi ainda pior. Naquele período, a moeda brasileira registrou a maior queda do mundo, com uma desvalorização de 3,98%, superando o rublo, que caiu 1,97% no mesmo intervalo.
O impacto do pacote fiscal no mercado financeiro
O principal gatilho para o mau desempenho do real foi a apresentação do pacote fiscal pelo governo Lula, no dia 27 de novembro. Entre as propostas, destacam-se a ampliação da isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e o aumento da carga tributária para rendas superiores a R$ 50 mil mensais. Embora a intenção seja aumentar a progressividade do sistema tributário, as medidas provocaram insegurança no mercado financeiro, especialmente pela falta de clareza quanto à implementação e impacto no equilíbrio fiscal do país.
Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, a reação negativa reflete a desconfiança dos investidores:
“O ambiente é de desconfiança com o pacote fiscal que foi anunciado. Não se sabe ao certo o real impacto das medidas e nem mesmo se todas serão implementadas da forma como foram apresentadas”, explica Quartaroli.
A preocupação se soma a uma conjuntura global marcada por um dólar fortalecido e pela instabilidade econômica em mercados emergentes.
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Dólar ultrapassa R$ 6: cenário de pressão para o consumidor brasileiro
A disparada da moeda americana no Brasil é um reflexo direto da desvalorização do real. Nos últimos dias de novembro, o dólar ultrapassou a marca simbólica de R$ 6, atingindo o maior valor desde o início do atual governo. Essa alta afeta não apenas os mercados financeiros, mas também a vida cotidiana dos brasileiros, pressionando os preços de produtos importados e insumos dolarizados, como combustíveis e alimentos.
Para o economista Arthur Silveira, da consultoria MacroFinance, o cenário é preocupante:
“O real já vinha sendo pressionado por fatores externos, mas a deterioração da confiança interna amplificou a volatilidade. Isso significa que o custo de vida do brasileiro pode subir ainda mais, já que muitos produtos têm seus preços atrelados ao dólar.”
Comparativo global: real e rublo em foco
A performance negativa do real em novembro só não foi pior do que a do rublo, que enfrenta desafios próprios devido às sanções internacionais impostas à Rússia e à queda do preço do petróleo, uma das principais fontes de receita do país.
Por outro lado, outras moedas de mercados emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano, conseguiram se manter relativamente estáveis, o que aumenta as críticas à condução da política econômica brasileira.
Riscos e perspectivas para o futuro
Especialistas apontam que a recuperação do real dependerá da capacidade do governo de convencer o mercado de que há um compromisso sólido com a responsabilidade fiscal. No curto prazo, a instabilidade deve continuar, com o dólar mantendo-se em níveis elevados.
O mercado agora aguarda os desdobramentos das medidas fiscais propostas pelo governo e a divulgação do Plano Anual de Financiamento para 2024. A ausência de detalhamento técnico ou mudanças abruptas nas propostas podem agravar ainda mais a crise de confiança.
Enquanto isso, o impacto direto da desvalorização do real será sentido pelo consumidor brasileiro, especialmente em um momento em que a inflação global continua pressionando economias emergentes. O governo terá que agir rapidamente para mitigar os efeitos negativos e tentar recuperar a credibilidade perdida.
A desvalorização do real em novembro evidencia os desafios econômicos do Brasil em um contexto global de incertezas. A reação negativa ao pacote fiscal é um alerta para o governo, que precisará equilibrar reformas sociais com medidas que garantam a estabilidade econômica. O caminho à frente será de grandes desafios, e os olhos do mercado continuam atentos às próximas ações de Brasília.
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