VÍDEO: Advogado de presos políticos de Moraes explica ‘golpe’ de Lira na anistia: ‘reiniciamos da estaca zero’
O advogado Ezequiel Silveira, representante da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro, criticou duramente a manobra realizada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que retirou o projeto de lei da anistia da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o transferiu para uma Comissão Especial, criada na véspera da votação prevista. A iniciativa, segundo Silveira, atrasa ainda mais o andamento do projeto e amplia o sofrimento de presos e familiares dos acusados dos atos antidemocráticos de janeiro, colocando o processo "de volta à estaca zero".
Segundo o advogado, a decisão de Lira estaria ligada a interesses políticos para garantir apoio na eleição das mesas diretoras das Casas Legislativas. “Lira deu o ‘golpe’ no projeto da anistia pressionado pela extrema-esquerda, que condicionou o apoio ao candidato dele na Câmara à interrupção da anistia”, explicou Silveira. Para o advogado, a criação da Comissão Especial serve como uma forma de protelar a discussão do tema, já que a tramitação na nova comissão será mais demorada e complexa, o que pode comprometer o andamento do projeto em um prazo razoável.
Silveira também apontou que Lira tentou equilibrar as pressões políticas e, com isso, favoreceu o candidato Hugo Motta, que agora teria votos suficientes para a presidência da Câmara, enquanto Davi Alcolumbre garantiria seu lugar na presidência do Senado. Ele ressaltou que essa decisão impõe às famílias e aos próprios réus uma espera angustiante: “Com essa comissão especial, o sofrimento dos perseguidos políticos poderá ser longamente exibido, enquanto suas famílias seguem submetidas ao arbítrio”, declarou.
Em resposta a uma narrativa veiculada na mídia, que justificaria a criação da Comissão Especial para “trabalhar melhor o projeto” em 10 sessões, Silveira rebateu dizendo que essa alegação é uma “falácia argumentativa”. Para ele, essa demora deliberada serve apenas para evitar que o projeto de anistia seja aprovado rapidamente e traga alívio para as famílias. “Quanto antes for aprovado, melhor. Não existe uma urgência maior do que a necessidade de restaurar os direitos e a liberdade dessas pessoas”, afirmou o advogado.
Por fim, o advogado lamentou a volta do processo ao início e o prolongamento da tramitação, que, segundo ele, penaliza indevidamente os cidadãos que esperavam uma resposta mais célere do Legislativo. “Já que não foi possível, então reiniciamos da estaca zero”, concluiu.
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