Após G20, Milei reposta vídeo abraçado com Bolsonaro, mas distante de Lula: ‘Longe de comunista’; VEJA VÍDEO
Cumprimento frio no G20 reforça diferenças ideológicas entre líderes
O presidente da Argentina, Javier Milei, utilizou sua conta no X (antigo Twitter) para repercutir sua participação na Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro.
Em uma publicação provocativa, Milei compartilhou um vídeo destacando o cumprimento formal e distante com o anfitrião do evento, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A postagem veio acompanhada de uma legenda contundente: “É melhor manter os esquerdistas e os comunistas afastados”.
Recepção distante e alianças evidentes
O vídeo divulgado por Milei mostra o contraste entre a recepção calorosa de Lula a outros líderes globais, como a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e a interação com o líder argentino. Enquanto Meloni foi recebida com abraços e sorrisos, o encontro com Milei foi marcado apenas por um aperto de mão protocolar e uma pose breve para foto oficial.
Na mesma publicação, o presidente argentino destacou momentos de confraternização com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), em cenas que evidenciam a afinidade ideológica entre ambos. O material sugere que Milei busca reforçar sua imagem como líder de oposição ao petismo e às políticas de esquerda que Lula simboliza.
Atritos antigos e discursos inflamados
A relação entre Milei e Lula já vinha desgastada antes do encontro no G20. O presidente argentino não esconde suas críticas ao líder brasileiro, a quem chamou de **“comunista corrupto”** em diversas ocasiões. Em novembro de 2022, Milei mencionou:
>_“Ele é comunista e corrupto. Por isso foi preso. Da minha posição como chefe de Estado, meus aliados são os Estados Unidos, Israel e o mundo livre.”_
Essas declarações remontam ao histórico de Lula, que foi condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em 2018, com as decisões anuladas posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio é frequentemente usado por opositores para questionar a legitimidade de Lula como chefe de Estado.
Em junho deste ano, após Lula exigir um pedido de desculpas pelas ofensas, Milei reafirmou suas palavras:
“Qual é o problema que o chamei de corrupto? Por acaso ele não foi preso por isso? E o que eu disse… comunista? Por acaso não é? Desde quando tem que pedir perdão por dizer a verdade?”
A los zurdos y comunistas mejor tenerlos lejos. pic.twitter.com/ALHNLlh5qw
— Ramiro Marra (@RAMIROMARRA) November 18, 2024
Pragmatismo em meio às divergências
Apesar da retórica incendiária, Milei demonstrou um lado pragmático ao firmar um **acordo bilateral com o Brasil** durante a cúpula. O tratado prevê a exportação de gás natural da jazida argentina de **Vaca Muerta** para o mercado brasileiro, um projeto de grande importância econômica para ambos os países. Em sua publicação sobre o acordo, Milei afirmou:
“Apesar das divergências ideológicas, este é um compromisso em prol do interesse de nossas nações.”
Esse movimento sinaliza que, mesmo diante de tensões políticas, a cooperação em áreas estratégicas, como energia, permanece uma prioridade.
Aproximação com Bolsonaro
A proximidade entre Milei e Bolsonaro também ganhou destaque. No evento, o presidente argentino demonstrou admiração pelo ex-mandatário brasileiro, considerado um aliado ideológico.
A exibição dos abraços e sorrisos trocados com Bolsonaro contrasta ainda mais com o tom formal e distante adotado no encontro com Lula.
Impacto na diplomacia e na política regional
O comportamento de Milei no G20 reflete não apenas suas prioridades políticas, mas também sua estratégia para fortalecer laços com lideranças conservadoras no continente.
Sua postura reafirma um alinhamento com Bolsonaro e outros líderes de direita, enquanto mantém uma postura crítica e desafiadora em relação a Lula e ao que considera "avanços da esquerda".
Embora o episódio tenha gerado desconforto diplomático, o acordo energético sinaliza que, mesmo com divergências ideológicas, as relações bilaterais entre Brasil e Argentina têm espaço para diálogo e cooperação. O desafio será equilibrar esses interesses com as declarações inflamadas que já se tornaram marca registrada de Javier Milei.
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