Lula perde força na região Nordeste nas eleições de 2024
Tradicional reduto eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT), o Nordeste começa a sinalizar uma mudança no cenário político com as eleições de 2024.
Das nove capitais da região, apenas em três delas o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputa a liderança das pesquisas: Teresina (PI), Fortaleza (CE) e Recife (PE).
Esse desempenho mostra uma perda significativa de influência do petismo em comparação aos anos anteriores, quando o apoio de Lula era decisivo na maioria das capitais nordestinas.
O enfraquecimento nas pesquisas reflete uma transformação nas dinâmicas políticas regionais, com o surgimento de novas forças e coalizões que fragmentam o cenário eleitoral.
Recife: reeleição sem o peso do apoio de Lula
Na capital pernambucana, João Campos (PSB), atual prefeito e favorito para a reeleição, tem adotado uma estratégia cautelosa em relação ao apoio de Lula.
Embora conte com a aliança do petista, Campos tem evitado associar sua campanha diretamente à figura de Lula, justamente para não alienar o eleitorado de centro e direita que vê sua gestão de forma positiva.
Com 75% das intenções de voto, segundo as últimas pesquisas, a reeleição de Campos é quase certa, mas sem a necessidade de capitalizar diretamente o apoio presidencial.
Teresina: o último bastião petista
Em Teresina, a liderança nas pesquisas é do petista Fábio Leite, que deve enfrentar um segundo turno contra Sílvio Mendes (União Brasil), candidato apoiado pelo ex-ministro Ciro Nogueira.
Teresina desponta como a principal aposta do PT no Nordeste para manter sua influência regional. A disputa será acirrada, mas Leite ainda se mantém como uma forte presença no cenário local.
Fortaleza: disputa apertada contra a direita bolsonarista
Na capital cearense, Evandro Leitão, apoiado por Lula, luta para garantir uma vaga no segundo turno contra o bolsonarista André Fernandes (PL).
O cenário em Fortaleza se destaca pela forte polarização, com outra figura bolsonarista, Capitão Wagner, também se consolidando como concorrente de peso.
A batalha em Fortaleza ilustra bem a crescente força da direita bolsonarista no Nordeste, desafiando a hegemonia tradicional do PT na região.
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Salvador e o simbolismo da derrota petista
Em Salvador, a capital baiana que historicamente teve forte presença petista, o candidato Geraldo Júnior (MDB), apoiado pelo governador Jerônimo Rodrigues, enfrenta dificuldades para decolar.
Bruno Reis (União Brasil), atual prefeito e sucessor político do grupo carlista, lidera com folga e deve vencer no primeiro turno. A dificuldade de Geraldo Júnior em chegar aos dois dígitos nas pesquisas é um indicativo claro do enfraquecimento do PT na maior capital do Nordeste.
Maceió: disputa entre Lira e Renan
Outro exemplo da derrocada petista é Maceió, onde Rafael Brito (MDB), candidato de Lula e apoiado por Renan Calheiros, enfrenta a forte máquina política de Arthur Lira (PP).
O atual prefeito, João Henrique Caldas (JHC), do PL, segue com 74% das intenções de voto, favorecido pela aliança com Lira. A disputa em Maceió demonstra como a força local de Lira conseguiu neutralizar a influência de Lula e Renan, consolidando o controle político da capital alagoana.
São Luís: apoio suprapartidário não é suficiente
Em São Luís (MA), o candidato de Lula, Duarte Júnior (PSB), tentou formar uma ampla coalizão que até incluiu o apoio do PL de Jair Bolsonaro, mas isso não parece ter surtido efeito. Eduardo Braide (PSD), apoiado por Gilberto Kassab, lidera com folga e a tendência é de uma vitória já no primeiro turno.
Este cenário é mais um sinal de que a hegemonia do PT no Nordeste está sendo ameaçada por novas alianças e estratégias políticas.
As eleições de 2024 no Nordeste demonstram um enfraquecimento da influência do PT e de Lula na região, com exceções pontuais. A ascensão de novas forças políticas, tanto à direita quanto em alianças locais, está remodelando o mapa eleitoral nordestino, sugerindo que o reduto petista já não é mais tão garantido como outrora.
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