Carta interceptada do PCC orienta votos contra candidata apoiada por Bolsonaro em Santos


Uma carta interceptada pelas autoridades em 10 de outubro revelou que integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) orientaram eleitores a não votarem em Rosana Valle (PL), candidata à Prefeitura de Santos, apoiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

A orientação surge em meio ao segundo turno das eleições municipais, no qual Rosana disputa o cargo contra Rogério Santos (Republicanos). A informação sobre o conteúdo da carta foi divulgada neste sábado (26), véspera da votação.

O "salve" – como são chamadas as ordens transmitidas pelos líderes da facção – indicava que Rosana Valle era considerada “inimiga número 1” da organização na Baixada Santista. A razão apontada para a orientação seria o alinhamento da candidata com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que tem comandado operações de repressão à facção na região. 

As ações de segurança pública coordenadas por Derrite aumentaram a pressão sobre o grupo criminoso em cidades da Baixada, cenário que intensificou o confronto entre autoridades e a organização.

Assinada pelos detentos Raimundo Nonato dos Santos, conhecido como Terra Seca, e Dinho Morfeu, a carta reforça o descontentamento da facção com as recentes políticas de segurança pública e o apoio da candidata a medidas mais rigorosas na repressão ao crime organizado. A mensagem foi identificada dentro de um plano de comunicação interna do PCC, no qual diretrizes e comandos são emitidos para orientar atividades e apoiar candidatos que a facção considera mais alinhados a seus interesses.

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Procurada para comentar o conteúdo da carta, Rosana Valle declarou, por meio de sua assessoria, que o posicionamento do PCC só reforça que ela está “do lado certo da história”, apoiando a justiça e a segurança pública. 

A candidata reafirmou seu compromisso com o combate ao crime organizado e a proteção dos cidadãos de Santos. Valle, que recebeu o apoio direto de Bolsonaro nesta campanha, tem defendido uma postura firme contra a criminalidade, alinhando-se aos planos do atual governo estadual para aumentar a segurança na Baixada Santista.

A presença de mensagens do PCC em contextos eleitorais chama atenção para a influência da facção no cotidiano das cidades paulistas, especialmente nas periferias e regiões mais vulneráveis. 

A interferência do grupo nas eleições reflete a complexa relação entre segurança pública e o controle territorial que facções exercem em algumas áreas, onde muitas vezes a presença do Estado é limitada. 

A revelação do "salve" aumenta ainda mais a tensão no segundo turno das eleições em Santos, marcado por uma disputa acirrada e pelos contrastes nas políticas de segurança pública propostas pelos candidatos.


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