Brasil tem déficit de US$ 6,5 bilhões nas contas externas em setembro


O Brasil registrou um déficit de US$ 6,5 bilhões nas contas externas em setembro de 2024, conforme divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (29). Este é o pior desempenho para o mês de setembro desde 2022, quando o saldo negativo alcançou US$ 6,6 bilhões. 

Os dados fazem parte do relatório mensal de estatísticas do setor externo, onde o BC calcula as transações correntes do país, considerando o saldo da balança comercial, o fluxo de serviços e a conta de rendas, que inclui remessas de juros, lucros e dividendos ao exterior.

Em setembro de 2023, o Brasil havia registrado um saldo positivo de US$ 268 milhões nas transações correntes, destacando uma queda significativa nos indicadores de um ano para o outro. Neste ano, o superávit da balança comercial em setembro foi de US$ 4,8 bilhões, valor expressivamente inferior ao saldo de US$ 8,5 bilhões do mesmo período de 2023. 

Isso se deve, em parte, ao aumento das importações, que somaram US$ 24,2 bilhões, representando um crescimento de 18,4% em comparação ao ano anterior. Já as exportações de bens tiveram desempenho estável, alcançando US$ 29 bilhões, com um aumento de apenas 0,3%.

Outro fator que contribuiu para o déficit nas contas externas foi a conta de serviços, que apresentou um saldo negativo de US$ 5 bilhões, acima dos US$ 3,5 bilhões em setembro do ano passado. Essa conta inclui despesas com viagens internacionais, transporte e outros serviços adquiridos por brasileiros no exterior. Já a conta de renda primária — que considera as remessas de lucros e dividendos, além dos juros sobre a dívida externa — registrou um déficit de US$ 6,5 bilhões, representando um aumento de 28,8% em comparação aos US$ 5,1 bilhões registrados no mesmo mês do ano anterior.

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Acumulado nos últimos 12 meses

Nos 12 meses até setembro, as transações correntes do Brasil acumulam um déficit de US$ 45,8 bilhões, o equivalente a 2,07% do PIB nacional. Em agosto, o saldo negativo estava em US$ 39 bilhões, correspondendo a 1,76% do PIB. 

Esses números são especialmente relevantes para análise macroeconômica, pois refletem a condição financeira do país no cenário internacional, mostrando a capacidade do Brasil de equilibrar suas operações financeiras com o exterior.

O aumento no déficit das contas externas indica que o Brasil tem enfrentado mais despesas do que receitas em suas transações internacionais. Este saldo negativo reflete o maior volume de importações e o aumento das remessas de lucros e dividendos ao exterior, dois fatores que exigem atenção, pois afetam diretamente a saúde financeira e a atratividade econômica do país para investidores estrangeiros.

Analistas destacam que, apesar dos resultados, o aumento nas importações pode ser interpretado como um sinal de recuperação na demanda interna, que movimenta a economia local. Contudo, o aumento na conta de rendas — especialmente nas remessas de lucros ao exterior — sugere uma recuperação limitada nos investimentos locais e pode pressionar a política cambial e monetária do país no médio prazo. 

Esses dados das contas externas demonstram a necessidade de ajustes para evitar que o déficit se expanda e afete a estabilidade econômica do Brasil, com desafios em áreas que vão desde a balança comercial até o equilíbrio da conta de serviços e de rendas.

Leia o relatório completo abaixo:


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