Manifestantes estreiam pixuleco de Rodrigo Pacheco em manifestação contra Alexandre de Moraes; acompanhe


Manifestantes inflam boneco gigante de Rodrigo Pacheco na manhã deste domingo (29) em Belo Horizonte| Divulgação/Marco Antônio Costa


Belo Horizonte presenciou, na manhã deste domingo (29), uma manifestação de grandes proporções, reunindo milhares de pessoas na Praça da Liberdade. 

O ato, organizado por movimentos conservadores e simpatizantes de Jair Bolsonaro, teve como principal objetivo pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a pautar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com a predominância das cores verde e amarelo, os manifestantes portavam faixas com os dizeres “Fora Moraes” e "Respeito à Democracia", além de cartazes criticando o Supremo e cobrando uma postura firme de Pacheco. 

Outro destaque foi a presença de faixas mencionando o empresário Elon Musk, que recentemente se pronunciou contra o que considerou abusos por parte do Judiciário brasileiro.

A escolha da Praça da Liberdade como local do protesto não foi por acaso. A praça é um reduto simbólico em Belo Horizonte e está localizada em Minas Gerais, estado pelo qual Rodrigo Pacheco foi eleito. A pressão sobre o senador e seu partido, o PSD, se intensificou, com os manifestantes criticando a falta de uma posição clara da legenda e de seus representantes sobre o impeachment de Moraes.

Clima de protesto e presença de parlamentares

O ato, que teve início por volta das 10h e se estendeu até próximo das 13h, contou com a presença de parlamentares federais de diversos estados, que reforçaram o coro contra Alexandre de Moraes e cobraram uma resposta firme de Rodrigo Pacheco. Um dos símbolos mais marcantes do protesto foi a exibição de um "pixuleco" inflável representando Pacheco, com a frase: "Se não pautar, vamos cassar! Fora Moraes". A figura inflada foi estreada neste domingo e rapidamente se tornou o centro das atenções no protesto.

O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) foi um dos primeiros a chegar ao local e fez duras críticas à atuação de Alexandre de Moraes no STF. “Nada é mais importante na agenda brasileira do que colocar Alexandre de Moraes para fora do STF”, afirmou o deputado. Van Hattem também cobrou uma postura mais firme dos ministros André Mendonça e Nunes Marques, ambos indicados por Bolsonaro, frente ao que classificou como abusos cometidos pelo Supremo. "Cadê os terrivelmente evangélicos?", questionou o parlamentar, em referência ao discurso de Bolsonaro sobre os ministros indicados.

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Oposição e cobrança popular

Entre os manifestantes, havia uma sensação crescente de frustração com o que foi percebido como inação de Pacheco diante das demandas de uma parcela expressiva da população. A psicóloga Sandra Nogueira, eleitora do senador mineiro, expressou seu descontentamento: “Votei no Pacheco acreditando que ele fosse fazer um trabalho importante para Minas Gerais e para o Brasil, mas na verdade ele tem se mostrado muito omisso. Então eu, como eleitora, mineira, brasileira, estou cobrando uma posição positiva dele a favor do Brasil”.

Outro manifestante, o geógrafo Giovanni Myrrha, enfatizou a necessidade de respeito à ordem democrática: “O povo tem que ser respeitado. Nós é que lutamos pela soberania, que colocamos os nossos representantes, e a democracia tem que ser eficaz, vigente”. Myrrha reforçou que, para ele, a democracia só se sustenta com a participação ativa da população e com a accountability (responsabilidade) dos representantes eleitos.

Contexto político e as tensões com o STF

As críticas a Alexandre de Moraes e ao STF não são recentes, mas se intensificaram nos últimos anos com uma série de inquéritos e decisões judiciais que impactaram diretamente apoiadores de Jair Bolsonaro. Moraes é relator de inquéritos sensíveis, como o das fake news e o que investiga os atos antidemocráticos. Essas ações judiciais têm sido interpretadas, por parte dos manifestantes, como ataques às liberdades individuais e à democracia.

A pressão sobre Pacheco para que ele coloque o impeachment de Moraes em pauta no Senado vem aumentando, mas o presidente da Casa tem adotado uma postura cautelosa, argumentando que o pedido precisa ser analisado com responsabilidade e respeito às instituições. Contudo, para os manifestantes, essa cautela soa como omissão, e o ato deste domingo reflete a crescente insatisfação com o que consideram ser a "passividade" do Congresso frente aos supostos excessos do Judiciário.

O ato na Praça da Liberdade em Belo Horizonte foi mais um capítulo na escalada de tensões entre setores conservadores e o STF. A figura de Alexandre de Moraes, em particular, tornou-se o foco principal de críticas, com manifestantes cobrando sua saída e acusando o Supremo de extrapolar suas funções. A pressão agora recai sobre Rodrigo Pacheco, que enfrenta o desafio de lidar com as demandas de seus eleitores enquanto tenta manter o equilíbrio institucional entre os poderes.


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