Empreiteiros condenados na Lava Jato voltam a atuar em obras públicas


Donos de empreiteiras condenados na Lava-Jato por atuarem em esquemas criminosos de cartel em contratos públicos foram novamente habilitados para trabalhar no governo Lula (PT).

Dez anos depois da operação da Polícia Federal (PF), altos executivos de gigantes da construção estão livres para trabalhar nas estatais brasileiras e investem agora em projetos de parceria público-privadas (PPPs).

Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht (hoje Novonor); Otávio Marques de Azevedo, ex-executivo da Andrade Gutierrez; e Dario Queiroz Galvão Filho, ex-presidente da Galvão Engenharia, confessaram seus crimes — como participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção — e fecharam acordos de leniência para o pagamento de multas bilionárias. 

Mesmo assim, as empreiteiras estão ampliando sua atuação no segmento devido a concessões e projetos de PPPs.

Como atuam agora as empresa condenadas

Braço de engenharia da Novonor (em processo de recuperação judicial), a OEC planeja voltar com força para o mercado. O objetivo da empresa é alcançar R$ 10,2 bilhões em contratos até 2027.

Já a OAS está agora dividida em Coesa e Grupo Metha — ambas em recuperação judicial, com dívidas que somam R$ 10 bilhões.

A Coesa criou um novo grupo com dois sócios e a Meta atua com infraestrutura pesada. Segundo dados públicos, seus contratos recentes em obras foram de R$ 1,8 bilhão.

O grupo também administra estádios de futebol como Arena Fonte Nova, Arena do Grêmio e Arena das Dunas.

Enquanto isso, a Camargo Corrêa se dividiu em Camargo Corrêa Infra e a 4C. Depois da Lava-Jato, o primeiro contrato importante da empreiteira com o setor público foi em 2019. Ela ficou responsável por construir um trecho de 9,2 km do metrô de Salvador (BA).

Atualmente, a Queiroz Galvão é a dona da Concessionária Tamoios. Num contrato de 30 anos, a companhia administra a rodovia que liga o Vale do Paraíba ao litoral norte paulista.

Já a Andrade Gutierrez Engenharia ingressou de vez no setor privado depois da operação policial. Ela chegou a faturar R$ 3,3 bilhões em 2023, tornando-se a maior construtora de parques eólicos do Brasil.

Mercado se recupera aos poucos

Depois de uma queda de 50% no mercado de obras públicas devido à crise econômica,  Covid-19 e à Lava-Jato, o setor retoma suas atividades com mais força este ano. A informação é da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).

De acordo com a instituição, há mais de 500 projetos de PPPs em curso no atual governo. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) planeja investir R$ 1,7 trilhão em obras que poderão contemplar as grandes empreiteiras do país.


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