Alexandre de Moraes manda bloquear contas bancárias de juíza Ludmila Lins Grilo exilada nos EUA
Ludmila Lins Grilo,
exilada nos EUA, deu a notícia durante live: “Nem a minha aposentadoria eu
tenho mais”
A professora e juíza
aposentada Ludmila Lins Grilo, que se encontra exilada nos Estados Unidos,
anunciou nesta sexta-feira (9), durante uma live nas redes sociais, que todas
as suas contas bancárias no Brasil foram bloqueadas por ordem do ministro
Alexandre de Moraes. Isso significa que ela não irá receber os seus proventos
de aposentadoria.
“Vou dar uma notícia em
primeira mão: minhas contas bancárias foram bloqueadas. Então, hoje em dia nem
a minha aposentadoria eu tenho mais”, afirmou a juíza durante a live.
Em maio de 2023, Ludmila
foi aposentada compulsoriamente pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, onde
ela atuava como magistrada na Comarca de Unaí. O motivo da aposentadoria foram
publicações feitas por Ludmila nas redes sociais. Três meses antes, a juíza
fora afastada de seu cargo pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por ter
feito críticas a decisões do Supremo Tribunal Federal e por declarar-se amiga
do jornalista exilado Allan dos Santos.
A aposentadoria compulsória
foi uma prática adotada pela ditadura militar brasileira (1964-1985) para punir
professores universitários contrários ao regime. Florestan Fernandes, Paulo
Freire, Fernando Henrique Cardoso, Caio Prado Júnior e vários outros docentes
foram aposentados pelo regime. Todos eles, no entanto, conseguiram cátedras em
universidades do exterior e conseguiram manter seus meios de sobrevivência.
Além de bloquear as
contas bancárias de Ludmila, o STF tenta impedir que ela continue seu trabalho
de denúncia sobre as aberrações jurídicas da ditadura brasileira, ao proibir as
redes sociais de transmitir seus programas. Segundo a juíza, é necessário que
as pessoas utilizem a tecnologia do VPN (Rede Privada Virtual) para que tenham
acesso ao conteúdo produzido por ela.
“Quem não tem VPN está
dentro da intranet do Alexandre de Moraes e está circunscrito a ver apenas o
que o Alexandre de Moraes quer que você veja”, afirmou Ludmila.
Ademais, a decisão de
bloquear as contas bancárias de Ludmila Lins Grilo faz lembrar uma das dez
medidas para a implantação do comunismo, expostas por Karl Marx e Friedrich
Engels no Manifesto Comunista, em 1848: “Confisco dos bens de exilados e
rebeldes”.
Mesmo com todas as
dificuldades, a juíza pretende seguir com o seu trabalho de denúncia contra a
ditadura brasileira. Em sua live, ela afirmou:
“Ainda que eu perca tudo, não quero ser omissa Não me arrependo de nada do que fiz, faria tudo de novo, viria para o exílio, perderia salário, não estou nem aí. Tenho que fazer o que é o certo, que é o que estou fazendo aqui”.
Ludmila foi “cancelada” por criticar o STF e por ser amiga de Allan dos Santos
Em maio deste ano, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decretou a aposentadoria compulsória de Ludmila Grilo, que atuava como juíza na Vara Criminal e da Infância e da Juventude da comarca de Unaí.
A decisão se deu em decorrência de processos que a juíza respondia no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ludmila virou alvo do CNJ por fazer análises críticas sobre decisões do STF em publicações na internet e em aulas fechadas; por participar de eventos conservadores; e por ser amiga do jornalista exilado, Allan dos Santos.
Segundo o corregedor do
CNJ, ministro Luis Felipe Salomão, "além de aparentar desrespeito à ordem
do Supremo”, as ações da juíza podem “configurar crimes tipificados no Código
Penal” por ter, supostamente, violado “deveres funcionais inerentes à
magistratura, notadamente o de manter conduta irrepreensível na vida pública e
particular”.
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