Lula e Janja compra tapete de R$ 114 mil, sofá de R$ 65 mil e piso de R$ 156 mil, foram gastos R$ 26,8 milhões em reformas


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, decidiram realizar reformas e trocar os móveis dos palácios presidenciais neste ano. Apenas com um novo tapete, o governo gastou R$ 114 mil para adicionar mais "brasilidade" ao Palácio do Planalto. Um sofá escolhido por Janja para o Alvorada, residência oficial da Presidência, foi adquirido por R$ 65 mil. A colocação de um piso "mais macio e confortável" na Granja do Torto, casa de campo do casal, custou R$ 156 mil para os cofres públicos.

Um levantamento do Estadão revela que o governo gastou R$ 26,8 milhões com reformas, compra de novos móveis, materiais e utensílios domésticos para o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Residência Oficial do Torto e o Palácio do Jaburu em 2023. Em comparação com anos anteriores, esse é o maior gasto desse tipo de despesa, que não inclui a manutenção diária das residências oficiais e o pagamento de funcionários. Os números foram obtidos do Portal da Transparência e do Siga Brasil.

Procurada, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República informou que as peças adquiridas respeitam os padrões e referências dos Palácios oficiais. "Além disso, todas as peças passam a integrar o patrimônio da União e serão utilizadas pelos futuros chefes de Estado que lá residirem."

A compra de novos móveis faz parte de um projeto de "modernização" dos Palácios Presidenciais, segundo consta em um dos processos de compra da Presidência. No início deste ano, Janja afirmou em entrevista à GloboNews que o Palácio da Alvorada foi danificado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com essa justificativa, o casal morou por mais de um mês em um hotel em Brasília. Onze meses depois, a visitação ao Palácio da Alvorada permanece suspensa.

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As compras de mobiliário foram realizadas ao longo do ano e continuam. Recentemente, a Presidência da República publicou um edital para a aquisição de 13 tapetes de nylon e sisal de fibra, destinando três para o Alvorada e 10 para o Planalto. O valor total estimado é de R$ 374.452,71. Os preços variam de R$ 736 a R$ 113.888,82. Os tapetes mais caros são inspirados em desenhos modernistas do arquiteto Burle Marx, com formato orgânico pensado a partir das linhas do espelho d'água do Palácio do Planalto.

Para justificar essas aquisições, a Presidência alega que os tapetes orientais atualmente presentes nos Palácios não trazem a "brasilidade" necessária. A Secretaria afirma que esses tapetes serão utilizados em áreas onde ocorrem eventos e cerimônias no Planalto. Apesar do alto valor, a Presidência nega que se trate de um item luxuoso, destacando que possui características superiores justificadas em face da estrita atividade do órgão ou entidade.

Além disso, a Presidência da República gastará R$ 156.154,77 para substituir os pisos da Granja do Torto. O novo piso de vinílico é descrito como "mais macio e confortável" e visa padronizar o ambiente com materiais de maior durabilidade e baixa manutenção. Também estão previstos gastos de R$ 130.695,36 para um enxoval de lençóis e roupas de cama e banho, além da compra de persianas motorizadas, cortinas, árvores de Natal e arranjos de flores nobres, tropicais e de campo.

O governo justifica essas aquisições como parte da renovação do vestuário de cama e banho da família presidencial e de hóspedes nas Residências Oficiais do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto. O processo de compra incluiu também a aquisição de um novo sofá para o Alvorada, no valor de R$ 42.230, que possui revestimento em couro grão natural e pés em metal.

A Presidência da República abriu processos para adquirir persianas motorizadas e cortinas no valor de R$ 182.810, além de despesas estimadas em R$ 358.400 para a compra de árvores de Natal e arranjos de flores nobres, tropicais e de campo, destinados a recepções de autoridades, políticos e artistas.

Vale destacar que um decreto publicado em setembro de 2021 proíbe a aquisição de bens de luxo pelo governo federal, incluindo a Presidência da República, considerando como tais aqueles que apresentam ostentação, opulência, forte apelo estético ou requinte. No entanto, o governo argumenta que as aquisições realizadas não se enquadram nessa categoria, sendo justificadas pelas características superiores necessárias às atividades do órgão.

A Secom afirmou que todas as peças adquiridas integram o patrimônio da União e serão utilizadas pelos futuros chefes de Estado que residirem nos Palácios. A modernização dos espaços presidenciais é apontada como um projeto para revitalizar e adequar as instalações, visando proporcionar ambientes condizentes com a representação e história do país.

Os gastos geraram debate e críticas, levantando questões sobre a utilização dos recursos públicos em meio a um cenário econômico desafiador. O tema continua atraindo atenção e pode influenciar o debate público sobre os limites e critérios para despesas relacionadas às residências presidenciais.


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