Ministério dos Direitos Humanos pagou passagens e diárias para “Dama do Tráfico” esposa de chefe da facção Comando Vermelho ir a Brasília
Ministério dos Direitos Humanos confirma que
custeou passagem para esposa de chefe de facção ir a Brasília
Luciane Barbosa, a ‘dama do tráfico amazonense’, esteve em Brasília no início de novembro para participar de evento da pasta. Ministério dos Direitos Humanos diz que ela foi indicada por comitê estadual, que tem autonomia orçamentária e administrativa
BRASÍLIA – O Ministério dos Direitos Humanos (MDH)
pagou passagens e diárias para Luciane Barbosa Farias, apontada como integrante
do Comando Vermelho, participar de um evento da pasta em Brasília. O Estadão
revelou na segunda-feira, 13, que ela se reuniu com autoridades do Ministério
da Justiça e Segurança Pública e do MDH na capital federal. A última viagem
dela foi bancada com dinheiro público. O Encontro de Comitês e Mecanismos de
Prevenção e Combate à Tortura foi realizado nos dias 6 e 7 de novembro, e
Luciane foi convidada a participar como representante do Amazonas.
Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos
confirmou os pagamentos e destacou que os Comitês de Prevenção e Combate à
Tortura possuem autonomia orçamentária e administrativa.
“O custeio de passagens e diárias foi realizado com
recursos de rubrica orçamentária destinado pelo Ministério dos Direitos Humanos
e da Cidadania ao Comitê, que observou as indicações dos comitês estaduais para
a participação no encontro”, disse a pasta, sem responder o valor dos gastos
com a integrante do Comando Vermelho. O nome dela não aparece no Portal da
Transparência.
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O pagamento de passagens e diárias foi feito a
todos os participantes do evento. Após a publicação desta reportagem, o MDH
afirmou ainda que Luciane foi indicada pelo Comitê Estadual do Amazonas. “Nem o
ministro nem a secretária nem qualquer pessoa do gabinete do ministro teve
contato com a indicada ou mesmo interferiu na organização do evento que,
insistimos, contou com mais de 70 pessoas do Brasil todo e que franqueou aos
comitês estaduais a livre indicação de seus representantes.”
Para o encontro no Ministério dos Direitos Humanos,
Luciane esteve em Brasília pela terceira vez neste ano. Como revelou o Estadão,
antes disso, a “dama do tráfico amazonense”, como é conhecida, teve reuniões
com autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública em março e maio.
Luciane foi recebida por quatro assessores do ministro Flávio Dino. Ela conversou com Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do ministério; Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária. O nome de Luciane não consta nas agendas oficiais das autoridades.
Desde abril de 2022, Luciane se apresenta como
presidente da Associação Liberdade do Amazonas (ILA). Segundo o site da ONG, a
entidade atua em favor dos direitos humanos e fundamentais de presos e
familiares de presos. Para a Polícia Civil do Amazoas, contudo, a organização é
financiada pelo Comando Vermelho e trabalha para os interesses da facção.
Condenada a dez anos de prisão por lavagem de
dinheiro, organização criminosa e associação para o tráfico, Luciane é acusada
de ser o braço financeiro do Comando Vermelho em Manaus, responsável por lavar
o dinheiro do tráfico. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio
Patinhas, um dos líderes da facção no Estado.
Ao participar do encontro no Ministério dos
Direitos Humanos em Brasília no início deste mês, Luciane publicou fotos em
suas redes sociais. “Seja luz onde Deus te colocar”, escreveu em uma das
publicações.
Em maio, ela já havia sido recebida na sede do
Ministério dos Direitos Humanos pela coordenadora de gabinete da Secretaria
Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH), Érica Meireles. O
encontro foi registrado por Luciane nas redes sociais. “Gratidão pelo
acolhimento a nossa pauta, doutora”, disse.
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