Em 7 anos, mais de 30 chefes do PCC deixaram a prisão pela porta da frente


Graças à Justiça, mais de 30 líderes do PCC deixaram a cadeia pela porta da frente

Levantamento foi feito pela Folha de S.Paulo

Um levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostra que nos últimos sete anos pelo menos 30 líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) deixaram a cadeia pela porta da frente, amparados por decisões da Justiça — algumas bastante polêmicas.

Segundo o jornal, a lista de líderes do PCC foi feita com base em relatórios de inteligência policial e inclui também presos libertados depois do cumprimento da pena. Porém, a maioria dos casos envolveu o relaxamento da prisão em situações polêmicas.

Veja os casos de alguns dos líderes do PCC que conseguiram sair da cadeia pela porta da frente

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André de Oliveira Macedo, o André do Rap

Um dos casos mais polêmicos foi o habeas corpus concedido pelo então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello em outubro de 2020 ao traficante André de Oliveira Macedo, 43, o André do Rap. Marco Aurélio entendeu que o tempo da prisão provisória havia sido extrapolado. Depois da liberdade, o líder do PCC nunca mais foi visto e segue foragido até agora.

Em abril deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou devolver a André do Rap um helicóptero por considerar que a apreensão da aeronave ocorreu de maneira ilegal. A aeronave era usada pelo governo de São Paulo no transporte de órgãos.

Valter Lima Nascimento, o Guinho

Valter Lima Nascimento, o Guinho, foi preso com 400 quilos de cocaína | Foto: Divulgação/Polícia Civil

O traficante Valter Lima Nascimento, o Guinho, conseguiu sair da cadeia em abril de 2020, também por decisão de Marco Aurélio, que se aposentou em 2021. Considerado o braço direito de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, Guinho tinha sido preso com 400 quilos de cocaína em um shopping em Santo André. 

Em janeiro deste ano, ele foi preso novamente. Em março, teve a prisão decretada em razão da participação no plano de sequestrar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato.

Cláudio Roberto Ferreira, o Galo

Cláudio Roberto Ferreira, o Galo | Foto: Divulgação/Polícia Civil

Outro caso polêmico de liberdade a líderes do PCC é o de Cláudio Roberto Ferreira, o Galo, condenado a mais de 65 anos de prisão por participar, em 2008, de um roubo em Guarulhos que terminou com três mortos. Ele foi preso apenas em agosto de 2015, mas, um ano depois, conseguiu um habeas corpus do então presidente do STF Ricardo Lewandowski. O ministro alegou que ele só poderia ser preso depois de uma sentença definitiva. A decisão foi revogada dias depois, mas, como era de esperar, o líder do PCC fugiu. Galo só foi encontrado em julho de 2018, na zona leste da capital, morto em uma guerra interna do PCC.

Leonardo Vinci Alves de Lima, de 47 anos, o Batatinha


Leonardo Vinci Alves de Lima, o Batatinha | Foto: Divulgação/Polícia Civil

Já o traficante Leonardo Vinci Alves de Lima, de 47 anos, o Batatinha, preso em flagrante com 2 quilos de cocaína em agosto de 2019, conseguiu sair da cadeia em junho, por decisão do ministro Sebastião Reis Júnior, do STJ. O ministro alegou que a abordagem foi ilegal por ter sido motivada apenas pelo nervosismo demonstrado pelo réu ao avistar uma viatura da Rota.

Décio Luís Gouveia, de 56 anos, o Décio Português


Décio Luís Gouveia, o Décio Português | Foto: Divulgação/Polícia Civil

Também foi no STJ que outro traficante ligado ao PCC encontrou a liberdade recentemente. Décio Luís Gouveia, de 56 anos, o Décio Português, que estava na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foi solto em agosto por determinação do ministro Ribeiro Dantas. No habeas corpus, o magistrado alegou excesso de prazo na prisão preventiva.

Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue


Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue | Foto: Divulgação/Polícia Civil

Apontado como o número 3 na hierarquia do PCC e com uma extensa ficha policial, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, conseguiu deixar uma penitenciária de segurança máxima no interior de São Paulo dois meses antes de ser condenado a 47 anos de prisão, em abril de 2017. Depois de obter liberdade, ficou foragido; acabou assassinado no começo de 2018.


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