O que os bombeiros encontraram dentro do apartamento de Karol Eller
Influencer patriota tirou a própria vida na noite de quinta-feira (12/10) após pular do quinto andar do prédio em que morava em SP
Logo depois de a influencer bolsonarista Karol
Eller, de 36 anos, tirar a própria vida ao se atirar do 5º andar do prédio em
que morava, na zona sul de São Paulo, o imóvel foi arrombado por bombeiros. Ela
morreu logo após a queda, na noite da última quinta-feira (12/10), no bairro do
Campo Belo.
Antes de pular da janela de seu apartamento, ela
havia publicado mensagens nas redes sociais com afirmações como “perdi a guerra”
e “lutei pela pátria”. Por causa disso, um dos moradores do prédio chegou a
interfonar para alertar o porteiro Odair da Silva, de 40 anos.
Ele e policiais militares, que chegaram em seguida,
tentaram sem sucesso conversar com Karol, quando ela já estava do lado de fora
da janela de seu apartamento.
Assim que a morte de Karol foi confirmada, pela
socorrista de uma Unidade de Resgate dos Bombeiros, membros da corporação
arrombaram o apartamento dela, “para tentar encontrar documentação” da vítima.
No imóvel, os militares encontraram “bastante
medicação”, conforme registros da Polícia Civil, nos quais não é especificada a
quantidade e o tipo de remédio.
Além da medicação, os bombeiros encontraram manchas
de sangue no sofá e na cama da vítima. Não havia, segundo documento policial ao
qual o Metrópoles teve acesso, “sinais aparentes de luta corporal”. O caso foi
registrado como suicídio consumado pelo 27º DP (Campo Belo).
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Porteiro e PM
O porteiro Odair da Silva afirmou, em depoimento à
Polícia Civil, que, por volta das 22h, no mesmo instante em que foi informado
das postagens de Karol no Instagram, uma viatura da Polícia Militar chegou ao
condomínio.
Uma sargento e um soldado da PM tentaram dialogar
brevemente com a influencer, da mesma forma que o porteiro. “No entanto, logo
na sequência, a vítima se atirou do 5º andar do edifício.”
Como revelado, Karol Eller falou
sobre sua depressão em uma live feita com o pastor Wellington Rocha, da igreja
Assembleia de Deus, e comentou sobre uma carta de suicídio que teria escrito
duas semanas antes de fazer um retiro espiritual.
Registrada como Flávia Caroline de Andrade Eller, a
influencer conversou com o religioso, no dia 17 de setembro, também sobre sua
renúncia à homossexualidade, decidida após o retiro realizado em Minas Gerais,
estado onde nasceu (assista abaixo).
“Deus me ama como eu sou. Mas não como eu estava.
Ele me ama como eu estava, mas ele não quer as minhas práticas”, afirma a
influenciadora ao pastor.
Ela diz ainda ao religioso e amigo, com o qual
realizava transmissões ao vivo pela internet, que teria escrito uma carta de
teor suicida duas semanas antes do retiro.
Renúncia
Usando uma camiseta estampada com a palavra
“renúncia”, o pastor Wellington compartilhou um vídeo, por volta das 4h desta
sexta-feira (13/10), no qual afirma estar perplexo com a morte da amiga.
Horas depois, ele compartilhou uma nota de pesar,
afirmando não existir palavras para expressar “a dor e a tristeza”, e alertou
os seguidores. “Não sei se pode servir como alerta. Mas alguém com depressão
não pode ficar sozinho.”
“Você iluminou o mundo com sua luz, e nem agora sua
estrela há de apagar, seu legado permanecerá propagado por aqueles que você
cativou. Prefiro lembrar do seu sorriso, da sua autenticidade, sinceridade,
honestidade em ser o que você é.”
Prima de Cassia Eller
Karol era prima de terceiro grau da cantora Cassia
Eller, que morreu em 2001. Antes de se tornar influenciadora digital, chegou a
ser promotora de eventos e relatava como era viver nos Estados Unidos. Ela
acumulava, na ocasião, mais de 200 mil seguidores no Instagram e 700 mil no
Facebook.
No fim de 2019, após se aproximar da família
Bolsonaro, foi nomeada em cargo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mas
acabou exonerada no início deste ano, após participar dos ataques
antidemocráticos do 8 de Janeiro.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações
sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam
mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas
pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de
conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas
são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Há
problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a
Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de
Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional
e na prevenção do suicídio, atendendo, voluntária e gratuitamente, todas as
pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone,
e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.
O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é
responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O
Núcleo atua tanto de forma presencial, em ambulância, como a distância, por
telefone, na Central de Regulação Médica 192.
Disque 188
A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no
Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por
hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos
poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de
50 voluntários atendem a quem precisa, 24 horas por dia.
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