Faustão foi priorizado na fila de espera por “estado muito grave de saúde”, diz ministério
Apresentador passou por uma cirurgia de transplante
cardíaco nesta tarde, no hospital Albert Einstein, em São Paulo
O Ministério da Saúde afirmou, neste domingo (27),
em nota, que o apresentador Fausto Silva, o Faustão, que passou por uma
cirurgia de transplante cardíaco nesta tarde, em São Paulo, foi “priorizado na
fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde”.
O hospital Albert Einstein, em São Paulo, recebeu,
neste domingo, um coração para transplante e, com isso, Faustão foi operado.
Vídeo — Faustão: após transplante de coração,
apresentador segue na UTI
O hospital informou, em boletim médico, que foi
acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo na madrugada deste
domingo, “quando foi iniciada a avaliação sobre a compatibilidade do órgão,
levando em consideração o tipo sanguíneo B”.
De acordo com o boletim, a cirurgia aconteceu no início da tarde e durou cerca de duas horas e 30 minutos.
Fila de prioridade
Uma média estimada pelo HCor, hospital em São Paulo
referência no tratamento de doenças do coração, aponta que a espera para casos
mais graves de insuficiência cardíaca pode demorar de dois a três meses por um
coração. Quando o risco é menor, o tempo de espera pode chegar a 18 meses.
Em boletim médico divulgado anteriormente, a equipe
do hospital Albert Einstein detalhou um quadro de prioridade de Faustão para o
procedimento. O apresentador estava sob cuidados intensivos, fazendo uso de
medicamentos para auxílio na força de bombeamento do coração.
Ele também estava sendo submetido a diálise,
processo artificial para remover os resíduos e excesso de líquidos do corpo,
necessário quando os rins não estão funcionando adequadamente.
“Nesta fila de prioridade, a chance do transplante acontecer mais rapidamente é realmente concreta, visto que os corações oferecidos em doação serão primeiramente direcionados para pacientes em estado mais grave. De qualquer forma, mesmo em prioridade, existe a necessidade de um mínimo de compatibilidade entre doador e receptor, quanto aos aspectos de biotipo físico e algumas provas imunológicas”, explicou o cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel.
Lista única
Segundo o Ministério da Saúde, a lista para
transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da
rede privada.
Porém, cada estado ou região organiza a sua própria
lista e todas são monitoradas pelo sistema e outros órgãos de controle
federais. A fiscalização é feita para que nenhuma pessoa conste em duas listas
diferentes e que nenhuma norma legal seja desrespeitada.
De acordo com o hospital, Fausto Silva havia sido
incluído na fila única de transplantes do estado de São Paulo, que é regulada
pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
“A lista de espera por um órgão funciona baseada em
critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura,
compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão
determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Quando os critérios
técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de
chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são
atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, afirmou o
Ministério da Saúde em comunicado.
Em entrevista à CNN neste domingo, o presidente da
Associação Brasileira de Transplante de Órgaos (ABTO), o nefrologista Gustavo
Fernandes Ferreira, afirmou que o tempo para que Faustão recebesse um coração
após ter entrado na fila de espera de transplantes mostra que “os critérios de
alocação de órgãos no Brasil funcionaram” (veja abaixo a entrevista na
íntegra).
Isto porque, disse ele, no caso do coração, a
gravidade do paciente na espera é um dos principais critérios para decisão no
direcionamento do órgão.
“Há critérios específicos de alocação de órgãos por
gravidade”, disse o presidente da ABTO em entrevista à CNN.
“Demonstra que o sistema brasileira funciona,
quando uma pessoa que está efetivamente necessitando, no caso do coração, que
tem critérios de priorização no transplante, tenha conseguido chegar a
transplantar.”
Critérios
Ferreira explica que os critérios de encaminhamento
à fila nacional de transplantes variam de acordo com os órgãos.
Para alguns, como o coração, fígado e pulmão, a
gravidade no estado do paciente é um critério de priorização.
Em outros, caso dos rins ou pâncreas, pesa
principalmente a compatibilidade entre o doador e o receptor.
“Hoje todo o sistema de transplante é regulado pelo
Ministério da Saúde, com uma lista única, em que cada órgão tem os seus
próprios critérios de alocação”, disse o médico.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a
estrutura de transplantes no país é gerenciada pela pasta, “que assegura que
cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública
e privada, em situação de igualdade”.
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