Governada pelo PT, Bahia lidera ranking de mortes violentas e registra quase 7 mil assassinatos
Dados são relativos ao ano de 2022, colhidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgados nesta quinta-feira.
A Bahia registrou 6.659 mortes violentas
intencionais em 2022. Os dados alarmantes, que colocam o estado como líder no
ranking nacional, foram colhidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e
divulgados nesta quinta-feira (20), em um anuário.
• MAIS DE 10 ESTUPROS POR DIA: Estado teve mais de
4,5 mil vítimas em 2022
• JEQUIÉ É CIDADE MAIS VIOLENTA DO PAÍS
A soma total de mortes violentas engloba os
homicídios dolosos (incluindo feminicídios, que são homicídios qualificados);
lesões corporais que terminam com morte; latrocínios, que é quando a vítima é
assassinada para que o roubo seja concluído; mortes de policiais e assassinatos
cometidos por eles.
Todos os dados analisados pelo g1 nesta reportagem
são com base no número absoluto de vítimas mortas, e não no número de
ocorrências. Exemplo: um triplo homicídio é registrado apenas como uma
ocorrência, mas são três pessoas mortas.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de
Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), que responde pelas polícias Civil e
Militar, para obter um posicionamento sobre o governo estadual que tem sido
feito para diminuir a insegurança e o índice de crimes violentos em todo o
estado, mas não obteve resposta.
LEIA TAMBÉM:
Das 50 cidades mais violentas do país, 12 estão na
Bahia: o estado que mais aparece na lista. Todas elas têm mais de 100 mil
habitantes. O município com maior taxa de mortes violentas é Jequié, que nem
está na lista das 10 maiores cidades baianas, com base no Censo 2022, Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por lá, em um dos crimes registrados no ano
passado, em fevereiro, dois jovens de 16 e 26 anos foram mortos em um ataque a
tiros, que deixou outras duas pessoas feridas, de 18 e 20 anos, no bairro Pau
Ferro. Ninguém foi preso.
A cidade tem taxa de mortes violentas de 88,8 a
cada 100 mil habitantes. Outras três cidades baianas tem taxa superior a 80, e
seguem Jequié com as mais violentas do país: Santo Antônio de Jesus (88,3),
Simões Filho (87,4) e Camaçari (82,1).
Apesar do alto número de vítimas, o estado baiano
registrou uma diminuição dos registros. Em 2021, o Anuário Brasileiro de
Segurança Pública havia contabilizado 7.069 assassinatos na Bahia, o que aponta
uma queda de 9% no número de pessoas mortas.
Chacinas ajudam a engrossar a estatística de mortes
violentas no estado. Em 24 de abril de 2022, cinco pessoas foram mortas
enquanto saíam de uma festa na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano. A
única mulher entre as vítimas, Alana de Almeida Santana, de 24 anos, estava
grávida.
Alana não foi vítima de feminicídio, diferentemente
de Luciemeire Viana da Silva, morta em 14 de outubro de 2022 por um homem com
quem decidiu não mais se relacionar. Durante a prisão dele, que não teve nome
divulgado por causa da Lei de Abuso de Autoridade, a polícia descobriu outro crime.
O investigado tinha matado outra mulher em 1998 – e o mandado de prisão contra ele, por este feminicídio, ainda estava em aberto quando ele cometeu o segundo. Ambos crimes ocorreram na região do extremo sul baiano.
Caem latrocínios, aumentam lesões com morte
Dentre as tipificações das mortes violentas, os
latrocínios foram os únicos que apresentaram queda. Em 2021, a Bahia estava na
vice-liderança do país, com 137 mortes – atrás apenas de São Paulo, que
registrou 173 pessoas mortas em roubos.
No último ano, houve uma queda de 36.5% e o estado
passou a ser o quarto maior no volume de latrocínios, caindo para 87 registros
– ainda atrás de São Paulo (178 pessoas mortas), Pernambuco (103) e Maranhão
(95).
A adolescente Cristal Pacheco foi morta a cerca de
um ano, enquanto seguia para a escola a pé com a mãe e a irmã, em Salvador.
Duas mulheres abordaram a família e uma delas atirou na garota, que morreu em
via pública, aos 15 anos.
Em contrapartida, as lesões corporais que terminaram com a morte das vítimas aumentaram em 14,2%, e colocaram a Bahia entre os três estados de maiores registros: 64 pessoas que, assim como o músico Ciro Henrique Sousa de Oliveira, de 34 anos, foram agredidas até perderem a vida.
Metodologia
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública se baseia
em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais,
pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da
Segurança Pública.
A publicação é uma ferramenta importante para a
promoção da transparência e da prestação de contas na área, contribuindo para a
melhoria da qualidade dos dados. Além disso, produz conhecimento, incentiva a
avaliação de políticas públicas e promove o debate de novos temas na agenda do
setor.
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