Com Lula, mais de 51% dos municípios operam no vermelho, diz CNM; taxa em 2022 era de 7% com Bolsonaro


A entidade municipalista atribuiu boa parte da crise financeira aos custos de pagamento de pessoal e manutenção da máquina pública, e demonstrou preocupação com receitas

Um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostrou que mais de 51% das cidades operam no vermelho. O número é um consolidado do primeiro semestre deste ano e demonstra aumento em relação ao mesmo período de 2022, quando 7% dos municípios enfrentavam situação semelhante. Dois motivos atribuídos à crise financeira são o de pagamento de pessoal e o custeio da máquina pública, que consomem R$ 91 de cada R$ 100 arrecadados.

O cenário foi divulgado nesta terça-feira (15), em um evento da entidade com mobilização de gestores públicos realizado em Brasília (DF). Outra pauta tratada foi a proposta de reforma tributária, em debate no Senado.

O levantamento apontou, ainda, que houve queda em receitas consideradas relevantes, como no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e no Imposto de Circulação de Mercadoras e Serviços (ICMS), além do aumento das despesas de pessoal, custeio e investimentos". O alvo da análise foi o desempenho da receita primária, por unidade da federação, nos primeiros semestres de 2022 e 2023.

De acordo com a CNM, o FPM, que tem papel de principal receita de sete em cada dez municípios, encerrou o primeiro semestre com crescimento, mas é fator preocupação até o final deste ano. Houve retração de 34,5% e de 23,56% nos dois primeiros decêndios de julho e agosto, respectivamente. O impacto negativo foi motivado pelo aumento de restituições e da queda do Imposto de Renda de empresas de grande porte. Já a cota do ICMS para os municípios recuou 4,5% no país, aumentando a preocupação com as contas municipalistas.

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Há queixas de atrasos no pagamento de emendas parlamentares federais no primeiro semestre deste ano. A redução, em comparação aos primeiros seis meses de 2022, foi de 73%, passando de R$ 10,43 bilhões para R$ 2,8 bilhões. Segundo a CNM, a queda no total de emendas foi de 58%, com o número de R$ 13,24 bilhões terminando em R$ 5,62 bilhões.

A entidade municipalista também apontou como um cenário de preocupação para as contas das cidades a possibilidade de inclusão dos gastos com pessoal das organizações sociais nos limites de gastos com pessoal. Uma norma aprovada pelo Congresso Nacional e que virou decreto permitiu a mudança a partir de janeiro deste ano.

"A inclusão desses gastos como despesa de pessoal acarretará em extrapolação do limite de gastos de pessoal, trazendo rejeição de contas, multas e inexigibilidade dos prefeitos", informou a CNM, acrescentando que 79,7% dos municípios deixariam de ofertar serviços pela falta de condições financeiras e déficit de servidores para o atendimento das demandas.

Segundo a CNM, os reajustes concedidos pelos pisos salariais do magistério, além da parcela adicional de insalubridade dos agentes de saúde e endemias também podem impactar as contas municipais. "Somente o piso do magistério cresceu 53% em função dos reajustes concedidos em 2022 (33,24%) e 2023 (14,95%)", alegou a entidade, acrescentando que os reajustes "não possuem lastro legal".

Os números apresentados informam um comprometimento de quase R$ 50 bilhões dos municípios até o final do ano. "De 2009 a 2023, o piso do magistério cresceu 365,3% acima da inflação, de 136,4%; do salário mínimo, de 183%, e da receita do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação], de 256,7%", acusou a CNM.


FONTE: OTEMPO.COM.BR

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