Número de invasões terroristas pelo MST despenca após abertura de CPI
Com o início do governo Lula, disparou a quantidade
de terras invadidas no país
Mal o presidente Lula assumiu o governo, em 1º de
janeiro, o número de invasões de propriedades alheias — fazendas produtivas,
áreas de pesquisa e prédios públicos — feitas por movimentos como o MST
disparou. Em baixa no governo de Jair Bolsonaro, as invasões saltaram para 56
entre janeiro e maio deste ano.
Porém, depois da criação da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Federal para investigar o “real propósito”
das invasões e seus financiadores do MST, o número despencou. Apenas uma
propriedade foi invadida desde o início dos trabalhos da comissão, controlada
por parlamentares da oposição.
A única invasão foi em uma fazenda produtiva em
Santa Cruz do Rio Pardo (SP), a 350 quilômetros da capital paulista, em 10 de
junho.
Os números relativos às invasões são de um
levantamento da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA)
divulgado pelo jornal O Globo, nesta segunda-feira, 10.
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O monitoramento regular feito pela CNA mostra que o
terceiro mandato de Lula já tem o maior índice de invasões desde 2016 e
acumulou em apenas seis meses quase a totalidade de ocupações durante os quatro
anos do governo Jair Bolsonaro, quando 62 áreas foram invadidas.
Para parlamentares da Frente Parlamentar do
Agronegócio (FPA) e da comissão parlamentar, a CPI do MST teve papel
fundamental para frear as invasões, que se intensificaram no chamado “Abril
Vermelho”, quando o MST anunciou publicamente ações em todo o país. Neste mesmo
mês, o presidente Lula, num sinal de claro apoio ao movimento, levou para a
China, na comitiva oficial, o líder nacional do MST, João Pedro Stédile.
“O próprio governo mandou o MST parar [com as
invasões]. Estava criando prejuízo [político] para o próprio governo. A gente
sabe quem comanda tudo. [O número de invasões] despencou, e o MST conseguiu
continuar fazendo suas nomeações no governo”, afirmou para O Globo o presidente
da FPA, Pedro Lupion (PP-PR).
Depois da CPI, disse o presidente da comissão,
Coronel Zucco (Republicanos-RS), “tivemos, inclusive, o presidente Lula indo a
público para se colocar contra as invasões. Então também houve um efeito
político”.
A CNA compartilha da opinião sobre o papel da CPI.
“A CPI coroou o nosso trabalho. Entregamos aos deputados as informações que
tínhamos em mãos, e a comissão agora está levantando os financiadores, que não
são apenas do MST. Espero que ela chegue a uma conclusão no final dos
trabalhos”, disse ao jornal o presidente da comissão de assuntos fundiários da
CNA, Marcelo Bertoni.
Integrantes do governo Lula, como o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, não concordam com a tese de que a
instalação da CPI freou as invasões pelo MST. Para ele, um acordo do governo
com o movimento, firmado antes da criação da comissão, levou à queda das
invasões.
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