Papa Francisco só quer se encontrar com a esquerda e ditadores


Na próxima quarta-feira (21), enquanto cumpre agendas em Roma, Lula e sua comitiva entrarão pelos muros do Vaticano — a menor nação soberana do mundo — para o encontro com Francisco, o argentino que há dez anos é o líder da Igreja Católica Apostólica Romana. O tema principal deve ser o meio ambiente.

O encontro aponta para um padrão por parte do sumo pontífice: ele praticamente só se encontra com líderes de esquerda da América Latina, quase nunca da direita.

Quando Michel Temer esteve no poder, em 2017, Francisco chegou a recusar uma visita ao Brasil em carta. Ele havia sido convidado pelo então presidente a participar da comemoração aos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, mas Temer recebeu de volta uma correspondência em que era cobrado para proteger a população carente no país.

A relação degradou ainda mais quando Jair Bolsonaro chegou ao cargo. O líder brasileiro chegou a ir a uma reunião do G20 em Roma em 2020, mas não foi recebido no Vaticano. Um ano antes, Lula havia sido recebido pelo pontífice.

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Nas eleições de 2022, novo atrito entre bolsonaristas e o Vaticano: ao pedir à Nossa Senhora que o Brasil se livrasse “do ódio, da violência e da intolerância”, bolsonaristas acusaram o papa de comunista.

Para quem acompanha o tema, não é necessariamente uma surpresa: “O papa tem um histórico de aproximação com os líderes populistas de esquerda da América Latina”, apontou em 2020 o estudioso Axel Kaiser em entrevista a Crusoé. “Eles têm as mesmas ideias. Francisco não se importa se o convidado foi acusado de corrupção, tanto que a argentina Cristina Kirchner também se encontrou com ele.”

Kaiser argumenta que Francisco tem características claras: “Ele tem ideias clássicas do populismo latino-americano. É peronista. Foi muito influenciado por essa doutrina”, concluiu. Nesta quarta-feira, a mais recente viagem internacional de Lula vai renovar esses laços no século 21.

CRUSOÉ

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