Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro da Itália, morre aos 86 anos
Magnata da comunicação e um dos políticos mais polêmicos da atualidade tinha leucemia e vinha tratando uma infecção pulmonar. Ele terá funeral de estado na quarta (14) em Milão.
Silvio Berlusconi, quatro vezes
ex-primeiro-ministro da Itália e ex-dono do Milan, morreu aos 86 anos na manhã
desta segunda-feira (12).
Berlusconi estava internado no hospital San Raffaele, em Milão, acompanhado de Marta Fascina, sua esposa, e de seus filhos.
O político, que também comandou um império da
comunicação e colecionou polêmicas e processos, foi diagnosticado recentemente
com leucemia, que descobriu ao ser hospitalizado para tratar uma infecção pulmonar.
Berlusconi será enterrado após um funeral de Estado na quarta-feira (14) na Catedral de Milão, segundo a imprensa italiana.
Há três dias havia sido internado mais uma vez para
realizar exames de rotina, mas seu estado de saúde voltou a piorar rapidamente.
Nascido em 1936 em Milão, Silvio Berlusconi
trabalhou como cantor ("crooner") de navio de cruzeiro antes de se
tornar o 5º homem mais rico da Itália, com uma fortuna avaliada em US$ 7
bilhões, por meio da construção de um império de mídia, e foi dono de times de
futebol Milan e Monza.
Em 1994, se tornou premiê – cargo que ocupou por 4
mandatos, o último encerrado abruptamente em 2011. Atualmente, seu partido,
Força Itália, apoia o governo de extrema-direita de Giorgia Meloni, que quando
jovem definiu o ditador e líder fascista Benito Mussolini como "um bom
político."
Amigo de Vladmir Putin, causou mal-estar na Europa
ao dizer, em meio à invasão da Ucrânia, que recebeu presentes e uma "carta
muito doce" do presidente russo.
Protagonista de escândalos sexuais (como a
realização das famosas festa "bunga-bunga"), autor de frases
polêmicas e preconceituosas ("melhor gostar de garotas bonitas do que ser
gay", piada sobre judeus) e alvo de dezenas de processos, Berlusconi
acabou condenado definitivamente apenas em 1 deles, por fraudes fiscais
envolvendo seu império de mídia.
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Fortuna
O magnata construiu seu patrimônio com a holding de
mídia Fininvest, na década de 1970, antes de entrar para a política, na década
de 90.
No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e a Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006.
Berlusconi tinha uma fortuna de quase US$ 7 bilhões (cerca de R$ 34 bilhões), segundo a última atualização do ranking de bilionários da Forbes, e era o 5º mais rico da Itália. No ranking mundial da Forbes, era o 348º mais rico.
Política
Berlusconi criou seu próprio partido, o Força
Itália, e chegou ao poder em 1994, após a operação de combate à corrupção Mãos
Limpas dizimar o establishment político italiano.
Em 2001, ele voltou ao cargo, no qual permaneceu
até 2006, quando perdeu por pouco a eleição para o líder de centro-esquerda
Romano Prodi, ex-presidente da Comissão Europeia. À época, a Itália era
ridicularizada como "o homem doente da Europa", em razão do
crescimento econômico nulo e do déficit em alta.
Em 2008, Berlusconi assumiu seu último mandato e
renunciou em 2011, quando os mercados financeiros perderam a confiança na sua
capacidade de impedir que a Itália sucumbisse à crise econômica.
O italiano esteve no centro de uma série de investigações e julgamentos, quase todos abertos depois que ele entrou na política em 1994. Ao todo, ele enfrentou 35 processos criminais, mas obteve apenas uma condenação definitiva.
Casamentos e escândalos sexuais
Berlusconi casou-se pela primeira vez em 1965 com
Carla Dall'Oglio, com quem teve dois filhos, Marina e Piersilvio. Ele se casou com
sua segunda esposa, Veronica Lario, em 1990, e eles tiveram três filhos,
Barbara, Eleonora e Luigi. Em 2022, realizou um casamento simbólico com Marta
Fascina, 53 anos mais nova.
Em meio aos três casamentos, sua vida foi repleta
de escândalos sexuais.
Um dos principais escândalos envolvendo Berlusconi
foi uma acusação, em 2010, de que ele teria feito sexo com uma dançarina
marroquina de 17 anos, Karima El Mahroug, também conhecida como "Ruby, a
ladra de corações". Em seu livro biográfico, ele nega que isso tenha
acontecido: "Sempre disse que nunca toquei em Ruby".
Ruby negou ser prostituta e retirou as acusações
feitas a Berlusconi. Na época, ela afirmou que Berlusconi deu a ela 60 mil
euros por "generosidade". Ele, porém, afirmou que foram 45 mil euros,
destinados à compra de um aparelho de depilação. Ele disse que Ruby se tornaria
sócia de um negócio com uma amiga.
Em 2013, Berlusconi foi considerado culpado por
abuso de poder e por usar sua influência para tentar liberar Ruby. Ele também
foi tido como culpado por ter pago por sexo com uma menor de idade, sendo
condenado a sete anos de prisão e impedido de ocupar um cargo público
novamente. Entretanto, ele acabou absolvido dos crimes no ano seguinte depois
que entrou com um recurso.
Em 2011, investigações de jornais locais revelaram
uma série de festas eróticas que ele fazia parte. Uma das alegações dos jornais
dizia que Berlusconi teria feito sexo com 33 mulheres em um período de dois
meses. Essas festas ficaram conhecidas como "bunga-bunga".
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