Scania anuncia férias coletivas e demissão em massa de parte dos trabalhadores


Montadora quer adequar nível de produção de caminhões à queda da demanda em São Bernardo do Campo

Mais uma montadora vai dar férias coletivas e reduzir os dias de produção para ajustar a produção à queda da demanda. Os trabalhadores na Scania, de São Bernardo do Campo, terão paradas programadas de dois dias por semana, a partir de 28 de abril, e a montadora comunicou que dará férias coletivas para os aqueles que atuam na produção por dez dias, a partir de 10 de julho. Também não vai renovar alguns contratos temporários de trabalho.

Segundo nota da montadora, a decisão ocorre em razão da desaceleração do mercado de caminhões no Brasil e alguns outros países da América Latina, principais destinos da fábrica de São Bernardo do Campo. Por isso, a Scania fará um ajuste no seu volume de produção.

"Entre as medidas tomadas, estão previstas paradas programadas da operação industrial e a não renovação de parte dos contratos de trabalho temporários. A fabricante sueca segue atenta aos movimentos do setor de transportes e da economia", diz a nota, que não informou o número de contratos temporários que não serão renovados.

A Scania conta com 4,5 mil trabalhadores em São Bernardo, e cerca de três mil operam no chão de fábrica.

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O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que as assembleias realizadas com os trabalhadores da montadora aprovaram a decisão jpa que as medidas são asseguradas pelo acordo de flexibilidade de jornada, negociado com a direção da Scania, desde 2013, para adequar o volume de produção.

No início deste mês, a fábrica de chassis de ônibus e caminhões da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo anunciou que vai reduzir de dois para um os turnos de produção a partir de maio,. A produção em turno único vai durar de dois a três meses.

O objetivo é adequar o volume de produção á demanda, que está mais fraca. A montadora já havia anunciado férias coletivas para 300 funcionários no início de abril, além de semanas mais curtas de trabalho.

O vice-presidente do Sindicato e representante dos trabalhadores na fábrica, Carlos Caramelo, disse que a redução da produção no segmento de caminhões é um reflexo de políticas públicas, como linhas de financiamento específicas e, em contrapartida, a garantia de emprego. Ele destacou que com a Selic a 13,75% os financiamentos ficaram muito caros e o crédito mais difícil.

“A situação foi agravada ainda mais pela falta de peças, pela antecipação das vendas em 2022 com o Euro 6, que é o conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel e, principalmente, em função da redução na produção de caminhões por falta de vendas disse o sindicalista em nota.

No primeiro trimestre, a produção de caminhões no Brasil somou 24.497 unidades, queda de 28,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram produzidos 34,4 mil caminhões. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa os fabricantes, a queda nas vendas está relacionada ao aumento no preço dos caminhões para atender as regras do programa de controle de emissões de poluentes, o Euro 6.

Os veículos ganharam novas tecnologias e ficaram 305 mais caros, por isso muitas empresas anteciparam as compras no ano passado.

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que uma saída seria uma linha de crédito específica para a compra de caminhões com tecnologias mais limpas.

- Isso poderia aquecer a procura - disse durante a apresentação do balanço dos números de março.

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