Câncer de testículo: doença pode ser fatal entre adultos jovens
Especialista faz alerta sobre tumor mais comum antes dos 40 anos. Felizmente, com diagnóstico precoce as chances de cura são altas
O câncer de testículo, mesmo sendo relativamente
raro (5% de todos os tumores no universo masculino), atinge principalmente
homens jovens, sendo o tumor sólido mais frequente nessa faixa etária. Trata-se
de uma doença de grande impacto, pois costuma acometer pessoas saudáveis, com
uma boa expectativa de vida pela frente, muitas delas ainda sem filhos.
Segundo dados do Sistema de Informação sobre
Mortalidade do Ministério da Saúde, 60% das mortes por esse câncer ocorrem em
homens entre 20 e 39 anos. Mas, se por um lado temos o sofrimento de um
problema de saúde que pode encurtar uma vida que seria repleta de realizações,
por outro temos a possibilidade de salvar e curar o paciente com diagnóstico
precoce e tratamento correto.
Daí a importância do autocuidado, de o homem
conhecer seu corpo e, atento, perceber os primeiros sinais da doença e procurar
um médico.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) sempre
alertou sobre a baixa procura dos homens aos serviços de saúde. As consultas
médicas em adolescentes, por exemplo, são 18 vezes maiores nas meninas: elas se
cuidam melhor e também são orientadas pelas mães nesse sentido assim que entram
na puberdade, passando a conhecer melhor o próprio corpo.
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O menino também precisa ser inserido e incentivado
nessa rotina de cuidados, aprender a lavar o próprio pênis e saber o que é
fimose, conhecer as estruturas que estão na bolsa escrotal e ser informado
sobre as doenças que podem atingir os testículos.
E, nesse contexto, deve ser estimulado a procurar
um urologista caso note o aparecimento de qualquer caroço, nódulo ou
endurecimento testicular. Outros sinais de atenção são dor na parte inferior do
abdômen, falta de ar, dor no tórax e aumento ou sensibilidade nos mamilos.
Os homens que têm maiores chances de desenvolver
esse câncer são, principalmente, os que apresentam criptorquidia, nome que se
dá quando o testículo não está na bolsa testicular quando o menino nasce. Essa
alteração, além de aumentar cinco vezes o risco de aparecimento de tumores
testiculares, também pode causar infertilidade. Por esse motivo, a avaliação, o
acompanhamento e o tratamento da criança com a condição por um urologista devem
ser feitos logo após o nascimento.
Outros fatores de risco para esse tumor são o
histórico familiar, história prévia de tumor no outro testículo, exposição da
criança ou da mãe durante e gestação a determinadas substâncias tóxicas,
infertilidade ou subfertilidade e presença de pequenas calcificações no
interior do testículo detectadas pelo exame de ultrassonografia.
O câncer de testículo tem alta chance de cura quando descoberto no início. Para isso, ajuda muito o autoexame periódico dos testículos, em que o homem observa e apalpa a região do saco escrotal. Infelizmente, hoje muitos diagnósticos ainda são retardados devido à ausência de informação e preocupação entre os adultos jovens.
Números do Sistema de Informações Hospitalares do
Ministério da Saúde apontam um total de 19 616 orquiectomias (nome que se dá à
retirada de um ou ambos os testículos) no país no período de 2019 a 2022. O
estado com maior número de procedimentos é São Paulo (4 830), seguido por Minas
Gerais (1 890), Paraná (1 609), Rio Grande do Sul (1 527) e Rio de Janeiro (1
471).
O tratamento da doença inclui, na primeira etapa, a
cirurgia para retirar parte do testículo acometido pelo tumor e, em algumas
situações, até mesmo a retirada total do órgão. Na segunda etapa, dependendo do
tipo de câncer, algum tratamento adicional pode ser necessário, como a
quimioterapia e a radioterapia, todos com a possibilidade de sequelas.
Porém, a chance de cura é elevada quando se faz o
tratamento necessário, sempre lembrando que, quanto mais cedo for feito o
diagnóstico, ainda no início da doença, mais fácil se torna o tratamento, mais
alcançável é a cura e menor é o risco de sequelas. Portanto, não deixe de
conhecer seu corpo e fazer um check-up de tempos em tempos.
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