ChatGPT: saiba o que há de bom (e o que não há) no novo queridinho da internet


ChatGPT: 1 milhão de usuários em 120 horas. Ferramenta produz (em segundos) textos de qualquer área profissional

No imparável mundo da tecnologia, nada fez tanto barulho nos últimos dias quanto o ChatGPT, uma ferramenta de inteligência artificial (IA). Colocou Metaverso no bolso. Merecidamente. Porque é algo que já está ao alcance de qualquer um. Com comandos simples, pode construir qualquer tipo de texto com características próximas aos feitos por um ser humano — artigo jornalístico, jurídico, na área médica, poemas, letras de música, receitas de bolo, piadas, teses acadêmicas, problemas matemáticos e até linguagem de programação. Tudo em segundos. Há imperfeições? Sim. E muitas! Mas vale lembrar que está em fase Beta, lançada ao público num site aberto há apenas 60 dias. O sucesso fez a Microsoft colocar mais US$ 10 bilhões (oficialmente não confirmado) na OpenAI, a empresa detentora do ChatGPT. O anúncio do novo aporte foi feito segunda-feira.

A gigante fundada por Bill Gates já era sócia na operação (com duas rodadas anteriores, de US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões). Alavancou a participação. “Temos a ambição compartilhada de promover com responsabilidade a pesquisa de ponta em IA e democratizar a IA”, disse Satya Nadella, CEO da Microsoft, em comunicado. A OpenAI foi criada em 2015 por um pequeno grupo que incluía Samuel Altman (empreendedor por trás da aceleradora Y Combinator e hoje CEO da companhia), o onipresente Elon Musk e o programador russo Ilya Sutskever (cientista-chefe da OpenAI). Ela nasceu sem fins lucrativos, mas em 2018, após a saída de Musk, mudou o foco para gerar receitas. É aí que a Microsoft se aproxima. Oficialmente, a OpenAI cita ainda como investidores a Khosla Ventures e Reid Hoffman, o cofundador do LinkedIn.

Ferramentas como o ChatGPT têm potencial para transformar o mundo do escritório da mesma maneira que as primeiras gerações tecnológicas influenciaram o chão da fábrica. Na segunda-feira, Bill Gates afirmou ao The Australian Financial Review que a IA ainda não tem efeito no mercado de emprego. “Mas terá”, disse. “Haverá muita angústia para o colarinho branco, porque a IA mira nele.” Até mesmo o Google deverá ser severamente impactado.

POLÊMICAS O ChatGPT é disruptivo como poucas vezes a palavra foi usada. Isso porque traz implicações não apenas ao mercado de trabalho, mas igualmente questionamentos éticos e legais relacionados a autoria, precisão e vieses. Como um martelo — é usado para erguer uma casa ou matar uma pessoa —, a tecnologia pode ser propagadora de desinformação, ou crimes menores como realizar um trabalho escolar. Por isso a OpenAI já trabalha para ter uma espécie de selo que identifique textos produzidos na plataforma. O caminho para a polêmica, porém, já está pavimentado. E ele é bem conhecido pela OpenAI, empresa por trás também do Dall-E, que cria imagens de todos os tipos a partir de simples comandos de texto e gerou polêmica em 2022 no mundo das artes.

No site da DINHEIRO, na segunda-feira (30) foi publicado um artigo feito pelo ChatGPT (shorturl.at/qILM7), cujo título alertava sobre a autoria (“Atenção: este texto contém um experimento com ChatGPT”). Não trouxe sequer um erro ortográfico-gramatical. Por outro lado, foi feito numa estrutura (ordem dos parágrafos) pobre para uma produção jornalística, em que a informação mais relevante vai para o começo. 

Além disso, mesmo com inputs recentes, continha quatro erros de informação: três sobre IPCA, PIB e desocupação, e um ao creditar a Fernando Haddad uma frase que não foi possível confirmar autoria. A despeito de ser imperfeito e polêmico, o ChatGPT já se tornou um sucesso. Conseguiu o primeiro milhão de usuários em cinco dias, meta que o Facebook levou dez meses. Deverá ser aperfeiçoado e, principalmente, vigiado.

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